Atualmente, mais de 1 milhão de pessoas estão na fila do SUS esperando para realizar cirurgias eletivas, exames e consultas. O dado consta de um relatório produzido pelo Ministério da Saúde e divulgado em meados de setembro. O número de cirurgias a serem realizadas, segundo o ministério, beira os 500 mil.
Uma das bandeiras do novo governo, a redução da fila de cirurgias, exames e consultas na rede pública de saúde criou o Programa Nacional de Redução das Filas (PNRF), que prevê repasses de R$ 600 milhões, em 2023, para estados e municípios. Os dados do relatório do Ministério da Saúde ajudam a mapear quem deve receber os recursos. Dos R$ 600 milhões, R$ 200 milhões já foram aprovados para repasse para as unidades da federação.
Esse montante permitiu, entre março e julho, a realização de 130,8 mil cirurgias, principalmente na região Nordeste (43,3%), seguida pelo Sudeste (19,5%), Sul (17,5%), Centro-Oeste (10,5%) e Norte (9,2%). Durante o período, foi de 25,85% a taxa de execução física do PNRF em comparação com o planejado, o que indica potencial grande de ampliar os dados.
O papel da telessaúde
Os dados revelam o tamanho do desafio que o Brasil enfrenta para tentar zerar ou ao menos reduzir a fila de espera por procedimentos médicos. A telessaúde, por outro lado, pode ser uma solução para este desafio – tanto do ponto de vista de organização e centralização de dados, quanto do ponto de vista assistencial.
"A telessaúde pode desempenhar um papel crucial na abordagem do desafio da fila do SUS para cirurgias eletivas. Ao adotar soluções de telessaúde, é possível oferecer consultas médicas à distância para priorizar casos mais complexos e organizar a demanda, realizar avaliações de exames pré-operatórios e acompanhamento pós-operatório de forma remota", explica Adriana Mallet, CEO da SAS Smart
Ainda segundo a médica, que é uma das cofundadoras da SAS Smart, "a telepropedêutica armada por ser uma fonte adicional de resolutiviadde dentro da saúde digital, contribuindo com diagnósticos mais precoces e com a redução da demanda cirúrgica por meio de tratamentos clínicos ou ambulatoriais mais simples e baratos".
Como exemplo, Adriana cita uma retinografia digital, que gera imagens do fundo de olho que podem ser analisadas por um especialista à distância, ajudando a diagnosticar precocemente doenças e a evitar tratamentos cirúrgicos. "Isso ainda permite definir a prioridade dos casos cirúrgicos", garante.
Os procedimentos médicos que engrossam a fila do SUS têm uma complexidade maior do que a sua realização. Eles envolvem um período preparatório, em que o paciente precisa compreender os benefícios e riscos, por exemplo. Também exigem um acompanhamento depois do procedimento. Nestes momentos, cresce a importância do papel da telessaúde.
Vantagens da telessaúde no desafio das filas
Pré-operatório: a telessaúde pode ser utilizada para oferecer orientações pré-cirúrgicas, esclarecendo dúvidas dos pacientes e fornecendo informações detalhadas sobre os procedimentos. Isso pode aumentar o entendimento e a colaboração dos pacientes, resultando em um preparo melhor e otimizando o tempo dedicado a cada procedimento.
Pós-operatório: a teleconsulta também pode ser uma maneira eficaz de monitorar pacientes após os procedimentos, permitindo a detecção precoce de possíveis complicações e agilizando intervenções, quando necessário. Isso não apenas melhora a qualidade do cuidado, mas também libera recursos médicos para atender a um maior número de pacientes.
Descentralização dos serviços de saúde: a telessaúde pode ainda contribuir para descentralizar os serviços de saúde, permitindo que pacientes que vivem em áreas mais remotas tenham acesso a consultas com especialistas sem a necessidade de deslocamento.
Telepropedêutica armada: a consulta digital, quando apoiada por equipamentos que permitem a realização de exames por telessaúde, resolve demandas mais simples e ajuda a definir prioridades para os casos que demandem uma consulta ou procedimento presenciais.
Foto de capa: César Badilla Miranda/Unsplash
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