Você sabia que, para ter acesso a atendimentos ou procedimentos de saúde de baixa e média complexidade, o brasileiro se desloca 72 km, em média? O dado foi revelado em 2020 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) como parte da pesquisa "Regiões de Influência das Cidades 2018", que ajuda na formulação de políticas públicas na área de saúde. O estudo, feito a cada 10 anos, foi conduzido na última edição em meio à pandemia de covid-19.
Exemplos de procedimentos de baixa ou média complexidade são consultas médicas e odontológicas, exames clínicos simples, serviços ortopédicos e radiológicos, fisioterapia e pequenas cirurgias. Em geral, esses procedimentos não exigem internação, o que significa que o paciente ainda precisa voltar para casa no mesmo dia, agravando a situação.
>> Saiba mais sobre a pesquisa: REGIC - Regiões de Influência das Cidades (IBGE)
Longas viagens de pacientes para atendimento médico são lamentavelmente muito comuns no Brasil. Com a desigualdade de acesso à saúde entre diferentes cidades e regiões do país, bem como uma distribuição desequilibrada de profissionais de saúde, em muitos locais quem precisa de médico tem de percorrer grandes distâncias até encontrar atendimento.
Brasil profundo
A situação mostrada pelo IBGE, claro, é ainda muito mais crítica em locais afastados de grandes centros urbanos, nos quais pacientes precisam viajar até centenas de quilômetros. As dimensões do Brasil e as dificuldades enfrentadas na área de saúde são enormes desafios para o país: levar e manter profissionais de saúde em locais afastados têm sido questões de difícil resolução.
Para buscar procedimentos de alta complexidade, o brasileiro viaja em média 155 km, mais que o dobro dos casos de baixa e média complexidade. Esses procedimentos envolvem tratamentos especializados de alto custo, com internação, cirurgias, exames como ressonância magnética e tomografia e tratamentos de câncer, por exemplo. Os longos deslocamentos podem complicar a situação de saúde de pacientes, principalmente em regiões do país com más condições de estradas ou que exigem viagens em diferentes modais.
Em algumas partes do Brasil, é preciso percorrer mais de 400 km em busca de atendimento médico. A capital amazonense, Manaus, é o caso mais gritante dessa realidade: a cidade recebe pacientes que viajam em média 418 km para atendimentos ou procedimentos de baixa e média complexidade. São as maiores distâncias registradas pelo IBGE.
A pesquisa também revela que cidades de Roraima e do Amazonas têm as maiores médias de deslocamento para tratamento de saúde de alta complexidade: 471 km e 462 km, respectivamente, seguidos pelas do Mato Grosso, com 370 km.
Solução na telessaúde
Cenários como esses podem começar a mudar em meio ao crescimento da telessaúde no país, regulamentada justamente durante a pandemia. Embora esteja claro que alguns profissionais não podem ser substituídos pelos atendimentos online, muitas especialidades já atendem sem exigir deslocamento nenhum - nem dos pacientes, nem dos profissionais.
A SAS Smart atua para promover soluções de acesso à saúde com inovação. É o caso da CompenSAS, por exemplo, que calcula créditos de carbono a partir de deslocamentos que não são feitos quando um paciente é atendido de maneira remota e tem seus problemas resolvidos.
Em 2020, mesmo ano em que o IBGE divulgou a pesquisa, a startup colocou em funcionamento uma plataforma própria de telessaúde, o SIAS (Sistema Integrado de Acesso à Saúde), que desde então já permitiu o atendimento de milhares de pacientes em locais afastados de grandes centros urbanos.
"No início da pandemia, vimos os planos de saúde e operadores privados em saúde rapidamente começarem a oferecer o serviço de telemedicina. Tivemos a preocupação de tornar a telemedicina acessível a todas as pessoas, de comunidades mais vulneráveis a populações de locais mais distantes" - Sabine Bolonhini, co-fundadora da SAS Smart.
Assim nascia o SIAS, que Sabine classifica como "uma solução de simples acesso", porque qualquer pessoa com uma conexão com a internet, sem precisar baixar aplicativos, pode ter acesso aos atendimentos. "Conseguimos fazer a telemedicina chegar em favelas, em comunidades quilombolas e vilas de pescadores. Um dos maiores benefícios que a solução pode gerar é facilitar o acesso à saúde e garantir que a telemedicina possa chegar às regiões mais afastadas, evitando deslocamentos", afirma.
Ganham todos
Isso tudo pode mudar o jogo. Sem os longos deslocamentos para buscar atendimento médico, a realidade é que ganham todos.
Pacientes ganham porque podem ter acesso a profissionais especialistas, de onde quer que estejam, bastando uma conexão com a internet - sabidamente, um outro desafio ainda a ser superado em regiões muito remotas.
Também ganham os gestores públicos municipais, que deixam de pagar pelos altos custos das viagens de pacientes, como combustível, alimentação e hospedagem. De quebra, também ganha, aqui, o erário: esses recursos podem ser mais bem investidos.
Ganha também o meio ambiente: sem viagens de carro ou em ambulâncias para chegar até os atendimentos, a poluição acaba sendo reduzida e pode ser convertida em créditos de carbono. Durante a pandemia vimos como isso é factível.
Sem os deslocamentos, também ganha o tráfego em estradas, o que se traduz em segurança no trânsito e redução de acidentes (desde sempre, importantes bandeiras da SAS Smart).
Ouça no podcast Notícia no Seu Tempo, do Estadão, uma entrevista com Bruno Hidalgo, gerente de Redes e Fluxos Geográficos do IBGE. Ele detalha os dados da pesquisa e explica como eles podem ajudar na elaboração de políticas públicas e de planos de logística para cidades brasileiras em diferentes regiões do país.
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